domingo, 28 de dezembro de 2014

O hobbit ou Lá e de volta outra vez.

Essa é minha primeira postagem como colaboradora do blog Meiga & Abusada... Aproveitem






O hobbit é um livro de fantasia escrito para os filhos de seu autor, J. R. R.Tolkien, sendo, portanto, um livro infanto-juvenil. Originalmente, foi publicado em 1937, alcançando sucesso imediato.
A narrativa se inicia com uma pequena conversa com o Mago Gandalf sobre bom dias e aventuras indesejadas para o nosso hobbit, Bilbo Bolseiro; uma criatura acomodada e respeitável por se ver livre de qualquer coisa inesperada.
No entanto, seu sangue aventureiro é despertado pela ideia de ver o reino perdido, tesouros feitos por mãos habilidosas  e mágica e acima de tudo guardado por um terrível dragão. Depois de uma pequena hesitação o Sr. Bolseiro aceita a aventura sendo obrigado a viver sem um lenço e sofrer com a ausência de muitos desejuns.
No decorrer da história, o ladrão oficial da companhia dos anões passa por crescimentos pessoais, tendo que se virar em muitos momentos sem a ajuda do mago e sendo peça fundamental dos negócios de Gandalf, quando a narrativa dá um nó e uma reviravolta nos objetivos finais, tudo isso acompanhado, é claro, do som de espadas.
Outra coisa interessante é que este livro precede a trilogia O Senhor dos Anéis, portanto ele mostra como o anel, que é assunto central dos próximos livros, chegou nas mãos de Bilbo.
Por existir essa ligação entre os livros, a adaptação para o cinema a explorou mais o anel e ameça que viria nos próximos livros, rendendo três filmes: O hobbit: uma jornada inesperada(2012), O hobbit: a desolação de Smaug(2013) e O hobbit: a batalha dos cinco exércitos.
 O livro é realmente uma aventura e por ter uma narrativa em terceira pessoa dá para você imaginar Tolkien contando a história para seus filhos, sendo você um intruso a espreitar a história sendo desenrolada. Além disso a adaptação para o cinema dividida em três filmes foi uma ideia fascinante pois afirmou o elo entre O hobbit e O senhor dos Anéis.

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sábado, 5 de julho de 2014

Conto A carteira - Machado de Assis

A Carteira
 Machado de Assis



...DE REPENTE, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. Abaixar-se, apanhá-la e
guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um homem que estava à porta
de uma loja, e que, sem o conhecer, lhe disse rindo:
-- Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez.
-- É verdade, concordou Honório envergonhado.
Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório tem de pagar
amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o bojo recheado. A
dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que advoga; mas todas as
quantias são grandes ou pequenas, segundo as circunstâncias, e as dele não podiam ser
piores. Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois por agradar
à mulher, que vivia aborrecida da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéus, leques, tanta
cousa mais, que não havia remédio senão ir descontando o futuro. Endividou-se. Começou
pelas contas de lojas e armazéns; passou aos empréstimos, duzentos a um, trezentos a outro,
quinhentos a outro, e tudo a crescer, e os bailes a darem-se, e os jantares a comerem-se, um turbilhão perpétuo, uma voragem.
-- Tu agora vais bem, não? dizia-lhe ultimamente o Gustavo C..., advogado e familiar da
casa.
-- Agora vou, mentiu o Honório.
A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e constituintes remissos; por
desgraça perdera ultimamente um processo, cm que fundara grandes esperanças. Não só
recebeu pouco, mas até parece que ele lhe tirou alguma cousa à reputação jurídica; em todo
caso, andavam mofinas nos jornais.
D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus negócios. Não
contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em um mar de
prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele, dizia uma ou duas
pilhérias, ele respondia com três e quatro; e depois ia ouvir os trechos de música alemã, que
D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com indizível prazer, ou
jogavam cartas, ou simplesmente falavam de política.
Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha, criança de quatro anos, e viu-lhe
os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era.
-- Nada, nada.
Compreende-se que era o medo do futuro e o horror da miséria. Mas as esperanças
voltavam com facilidade. A idéia de que os dias melhores tinham de vir dava-lhe conforto
para a luta. Estava com, trinta e quatro anos; era o princípio da carreira: todos os princípios
são difíceis. E toca a trabalhar, a esperar, a gastar, pedir fiado ou: emprestado, para pagar
mal, e a más horas.
A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros. Nunca
demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; e, a rigor, o credor não lhe
punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e
Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a
um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua. da Assembléia é que viu a
carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando.
Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando, andando, andando,
até o Largo da Carioca. No Largo parou alguns instantes, -- enfiou depois pela Rua da
Carioca, mas voltou logo, e entrou na Rua Uruguaiana. Sem saber como, achou-se daí a
pouco no Largo de S. Francisco de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um Café.
Pediu alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir a
carteira; podia não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta
era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do
dinheiro que achasse. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma
expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida?
Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à
polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da
ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que
lhe deu ânimo.
Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do bolso, finalmente, mas com medo, quase às
escondidas; abriu-a, e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito dinheiro; não contou, mas viu
duas notas de duzentos mil-réis, algumas de cinqüenta e vinte; calculou uns setecentos mil-
réis ou mais; quando menos, seiscentos. Era a dívida paga; eram menos algumas despesas
urgentes. Honório teve tentações de fechar os olhos, correr à cocheira, pagar, e, depois de
paga a dívida, adeus; reconciliar-se-ia consigo. Fechou a carteira, e com medo de a perder,
tornou a guardá-la.
Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e abriu-a, com vontade de contar o dinheiro. Contar para
quê? era dele? Afinal venceu-se e contou: eram setecentos e trinta mil-réis. Honório teve
um calafrio. Ninguém viu, ninguém soube; podia ser um lance da fortuna, a sua boa sorte,
um anjo... Honório teve pena de não crer nos anjos... Mas por que não havia de crer neles?
E voltava ao dinheiro, olhava, passava-o pelas mãos; depois, resolvia o contrário, não usar
do acha- do, restituí-lo. Restituí-lo a quem? Tratou de ver se havia na carteira algum sinal.
"Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar- me do dinheiro," pensou
ele.
Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas, que não abriu, bilhetinhos dobrados, que
não leu, e por fim um cartão de visita; leu o nome; era do Gustavo. Mas então, a carteira?...
Examinou-a por fora, e pareceu-lhe efetivamente do amigo. Voltou ao interior; achou mais
dous cartões, mais três, mais cinco. Não havia duvidar; era dele.
A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro, sem praticar um ato ilícito, e,
naquele caso, doloroso ao seu coração porque era em dano de um amigo. Todo o castelo
levantado esboroou-se como se fosse de cartas. Bebeu a última gota de café, sem reparar
que estava frio. Saiu, e só então reparou que era quase noite. Caminhou para casa. Parece
que a necessidade ainda lhe deu uns dous empurrões, mas ele resistiu.
"Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer."
Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado e a própria D. Amélia o
parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava alguma cousa.
-- Nada.
-- Nada?
-- Por quê?
-- Mete a mão no bolso; não te falta nada?
-- Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso. Sabes se alguém a
achou? -- Achei-a eu, disse Honório entregando-lha.
Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o amigo. Esse olhar foi
para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta luta com a necessidade, era um triste prêmio. Sorriu amargamente; e, como o outro lhe perguntasse onde a achara, deu-lhe
as explicações precisas.
-- Mas conheceste-a?
-- Não; achei os teus bilhetes de visita.
Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilette para o jantar. Então Gustavo sacou
novamente a carteira, abriu-a, foi a um dos bolsos, tirou um dos bilhetinhos, que o outro
não quis abrir nem ler, e estendeu-o a D. Amélia, que, ansiosa e trêmula, rasgou-o em trinta
mil pedaços: era um bilhetinho de amor.


Desejo - Victor Hugo



Desejo - Victor Hugo 

Desejo primeiro que você ame,
e que, amando, também seja amado.
E que, se não for, seja breve em esquecer.                    
E que, esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
 mas, se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos,
que, mesmo maus  e inconsequentes
sejam corajosos e fiéis,
e que pelo menos num deles
você possa confiar sem duvidar.

E porque a vida é assim,
desejo que você tenha inimigos.
Nem muito e nem poucos,
mas na medida exata para que,
algumas vezes,
você se interpele a respeito
de suas próprias certezas.
E que, entre eles, haja pelo menos um
que seja justo, para que você não se sinta
demasiado seguro.

Desejo, depois, que você seja útil,
mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
quando não restar mais nada,
essa utilidade seja suficiente
para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante,
não com os que erram pouco,
porque isso é fácil,
mas com os que erram muito
e irremediavelmente,
e que, fazendo bom uso dessa tolerância,
você sirva de bom exemplo aos outros.

Desejo que você, sendo jovem,
não amadureça depressa demais,
e que, sendo maduro,
não insista em rejuvenescer,
e que, sendo velho,
não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer
e a sua dor, e é preciso deixar
que eles escorram por entre nós.

Desejo, por sinal ,que você seja trites ,
não o ano todo,mas apenas um dia
Mas que nesse dia descubra
que risso habitual é bom,
o riso habitual é insosso
e o riso contante é insano
.
Desejo que você descubra,
como o máximo de urgência,
acima e a respeito de tudo ,
que existem oprimidos ,
injustiçado e infelizes,
e que estão á sua volta.

Desejo ainda que você afague um gato,
alimente um cuco,
ouça o joão- de- barro,
erguer triunfalmente seu canto matinal
porque, assim você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente,
por mias minúscula que ela seja,
e e acompanhe seu crescimento,
para que você saiba de quantas
muitas vidas é feita uma arvore.

Desejo ,outrossim, que você tenha dinheiro,
porque preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez uma vez por ano,
coloque um pouco dele
na sua frente e diga: "Isso é meu",
só para que fique bem claro
quem é o dono de quem.

Desejo também que nenhum dos seus afetos
morra,
por ele e por você,
mas que, se morrer, você possa chorar
sem se lamentar e sofrer sem se culpar.

Desejo por fim que você, sendo homem,
tenha uma boa mulher,
e que, sendo mulher,
tenha um bom homem,
e que se amem hoje, amanhã
e nos dias seguintes,
e quando estiverem exaustos e sorridentes,
ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a lhe desejar.                            
  


     

Tirinha Garfield

sexta-feira, 4 de julho de 2014

poema



 UAU

Fiquei olhando, perguntando,
Sondando, assustando,
ciscando você.
E quando dei por mim...
Já estava amando.

Ulisses Tavares